EXPIAÇÃO DOS PECADOS EM ISRAEL
O nome do Deus Salvador era invocado uma
só vez por ano pelo sumo sacerdote para a expiação dos pecados de Israel,
depois de ele aspergir o propiciatório do Santo dos Santos com o sangue do
sacrifício. O propiciatório era o lugar da presença de Deus. Quando São Paulo
diz de Jesus que "Deus o destinou como instrumento de propiciação, por seu
próprio Sangue" (Rm 3,25), quer afirmar que na humanidade deste último
"era Deus que em Cristo reconciliava consigo o mundo" (2Cor 5,19).
Jesus, o Messias de Israel,
portanto o maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei,
executando-a em sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas
próprias palavras. Ele é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os
judeus, conforme sua própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua
integridade sem violar-lhe o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em cada
festa anual da Expiação, os filhos de Israel pedem a Deus perdão por suas
transgressões da Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como recorda São
Tiago, "aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna-
se culpado da transgressão da Lei inteira" (Tg 2,10).
JESUS VÍTIMA DE EXPIAÇÃO DOS PECADOS HUMANOS
O Verbo se fez carne para salvar-nos,
reconciliando-nos com Deus: "Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho
como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "O Pai enviou
seu Filho como o Salvador do mundo" (1Jo 4,14). "Este apareceu para
tirar os pecados" (1Jo 3,5):
Doente, nossa natureza precisava ser
curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a
posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era
preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um
socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram
tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana
para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão
miserável e tão infeliz?
Ao entregar seu Filho por nossos pecados,
Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor benevolente que
antecede a qualquer mérito nosso: "Nisto consiste o amor: não fomos nós
que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima
de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "Deus demonstra seu amor
para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda
pecadores" (Rm 5,8).
Como pela desobediência de um só homem
todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão
justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a
substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício
expiatório", "quando carregava o pecado das multidões",
"que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus
prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.
NA CRUZ, JESUS CONSUMA SEU SACRIFÍCIO
É "o amor até o fim" que
confere o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao sacrifício
de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua vida. "A
caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só morreu por todos e
que, por conseguinte, todos morreram" (2 Cor 5,14). Nenhum homem, ainda
que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os
homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência em Cristo da
Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo tempo, abraça todas as pessoas
humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade, torna possível seu
sacrifício redentor por todos.
Esses bens espirituais da comunhão dos
santos também são chamados o tesouro da Igreja, "que não é uma soma de
bens comparáveis às riquezas materiais acumuladas no decorrer dos séculos, mas
é o valor infinito e inesgotável que têm junto a Deus as expiações e os méritos
de Cristo, nosso Senhor, oferecidos para que a humanidade toda seja libertada
do pecado e chegue à comunhão com o Pai. E em Cristo, nosso redentor, que se
encontram em abundância as satisfações e os méritos de sua redenção".
A justificação nos foi merecida pela
paixão de Cristo, que se ofereceu na cruz como hóstia viva, santa e agradável a
Deus, e cujo sangue se tornou instrumento de propiciação pelos pecados de toda
a humanidade. A justificação é concedida pelo Batismo, sacramento da fé.
Toma-nos conformes à justiça de Deus, que nos faz interiormente justos pelo
poder de sua misericórdia. Tem como alvo a glória de Deus e de Cristo, e o dom
da vida eterna:
Agora, porém, independentemente da lei,
se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela lei e pelos profetas,
justiça de Deus que opera pela fé em Jesus Cristo, em favor de todos os que
crêem pois não há diferença, sendo que todos pecaram e todos estão privados da
glória de Deus e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da
redenção realizada em Cristo Jesus. Deus o expôs como instrumento de
propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé. Ele queria assim manifestar
sua justiça, pelo fato de ter deixado sem punição os pecados de outrora, no
tempo da paciência de Deus; ele queria manifestar sua justiça no tempo
presente, para mostrar-se justo e para justificar aquele que tem fé em Jesus
(Rm 3,21-26).
VALOR DA EXPIAÇÃO DA PENA
Corresponde a uma exigência de tutela do
bem comum com esforço do Estado destinado a conter a difusão de comportamentos
lesivos aos direitos humanos e às regras fundamentais de convivência civil. A
legítima autoridade pública tem o direito e o dever de infligir penas
proporcionais à gravidade do delito. A pena tem como primeiro objetivo reparar
a desordem introduzida pela culpa, Quando essa pena é voluntariamente aceita
pelo culpado tem valor de expiação. Assim, a pena, além de defender a ordem
pública c de tutelar a segurança das pessoas, tem um objetivo medicinal: na
medida do possível, deve contribuir à correção do culpado.
Nenhum comentário :
Postar um comentário