A Transfiguração
de Jesus é um episódio do Novo Testamento
no qual Jesus é
transfigurado (ou
"metamorfoseado") e se torna "radiante" no alto de uma
montanha. Os evangelhos sinóticos (Mateus 17:1-9, Marcos 9:2-8 e Lucas 9:28-36) e uma
epístola (II Pedro 1:16-18) fazem
referência ao evento1 .
Nestes relatos, Jesus e três de seus apóstolos
vão para uma montanha (conhecida como Monte da Transfiguração).
Lá, Jesus começa a brilhar e os profetas Moisés
e Elias aparecem ao seu lado, conversando com
ele. Jesus é então chamado de "Filho"
por uma voz no céu - presumivelmente Deus Pai
- como já ocorrera antes no seu batismo1 .
A Transfiguração é
um dos milagres de Jesus nos evangelhos,
diferente dos demais pois, neste caso, o objeto do milagre é o próprio Jesus . Tomás de Aquino
considerava a Transfiguração como o "maior dos milagres", uma vez que
ele complementou o batismo e mostrou a perfeição da vida no céu. A Transfiguração é também um dos cinco
grandes marcos da vida de Jesus na narrativa dos evangelhos (os outros são o
batismo, a crucificação, a ressurreição e a ascensão).
Na doutrina cristã,
o fato de a Transfiguração ter ocorrido no alto de uma montanha representa o
ponto onde a natureza humana se encontra com Deus: o encontro do temporal com o
eterno, com o próprio Jesus fazendo o papel de ponte entre o céu e a terra.
NARRATIVA BÍBLICA
Nos evangelhos sinóticos, o relato da
transfiguração acontece aproximadamente no meio da narrativa . Ele é um
episódio muito importante e aparece logo depois de um outro também de grande
importância, a chamada "Confissão de Pedro": "Você é o
Cristo", servindo como mais uma revelação da identidade real de Jesus
como Filho de Deus
para alguns de seus discípulos.
Nos evangelhos,
Jesus levou Pedro, Tiago, filho de Zebedeu, e João consigo até o alto de uma montanha cujo
nome não é mencionado. Lá, Mateus 17:2 afirma que
Jesus "Foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o
sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz." Neste momento,
os profetas Elias e Moisés
aparecem e Jesus começou a conversar com eles. Lucas 9:32 é mais
específico e afirma que os apóstolos "viram a sua glória".
No momento que Elias
e Moisés começaram a desaparecer, Pedro pergunta a Jesus se os discípulos
deveriam armar três barracas para ele e para os dois profetas. Esta pergunta
tem sido interpretada como uma tentativa de Pedro de manter os profetas ali por
mais algum tempo. Contudo, antes que Pedro pudesse terminar, uma nuvem
brilhante apareceu e uma voz nas nuvens disse: "Este é o
meu Filho, o meu escolhido, ouvi-o." O discípulos se prostraram
tementes, mas Jesus se aproximou e tocou-os pedindo-lhes que não tivessem medo.
Quando os discípulos olharam para o alto, já não viram mais Elias e Moisés.
Quando Jesus e os
três apóstolos estavam descendo da montanha, Jesus pediu-lhes que não contassem
para ninguém sobre "esta visão" até que o "Filho do homem"
tivesse "ressuscitado dos mortos". Os três então
questionam entre si o que Jesus quis dizer com "ressuscitado dos
mortos". Além do relato principal dos evangelhos sinóticos, em II Pedro 1:16-18, o
apóstolo Pedro se auto-descreve como testemunha ocular da "majestade"
de Jesus.
Em outros trechos do
Novo Testamento, a referência de Paulo de Tarso
em 2 Coríntios 3:18 à
"transformação" através da "imagem de glória em glória" se
tornou a fonte teológica para considerar a transfiguração como a base para o
processo que leva o fiel ao conhecimento de Deus.
Embora Mateus liste
o discípulo João como estando presente à transfiguração, o Evangelho de João
não faz menção ao evento, excetpo, pela opinião de alguns estudiosos, de que
ele parece fazer uma alusão ao fato em João 1:14,20 .
Este fato deu origem a um debate entre os acadêmicos, com alguns duvidando da autoria do Evangelho de João e outros
tentando explicar esta omissão. Uma explicação (que remonta a Eusébio de Cesareia, no século IV) é que João
teria escrito seu evangelho de forma a não ter muitas sobreposições com os
evangelhos sinóticos, complementando-os. Além disso, a Transfiguração não é o
único evento que não está presente no quarto evangelho - a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia
é outro exemplo chave - o que parece reforçar a tese de que a inclusão de
episódios em João foi de fato seletiva.
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