São
Malaquias
São Malaquias de Armagh (distinga-se do profeta
Malaquias, do Antigo Testamento) nasceu na Irlanda em 1095 aproximadamente.
Fez-se monge do mosteiro de Bangor (Irlanda). Ordenado sacerdote aos 25 anos
empenhou-se na renovação da vida monástica, começando pelo mosteiro de Bangor,
sob a orientação do arcebispo Celso, primaz da Irlanda. Feito bispo de Connor,
tornou-se depois arcebispo de Armagh. Interessado na restauração dos mosteiros,
era grande amigo de S. Bernardo, seu contemporâneo. Morreu na França em 1148,
quando viajava para se encontrar com o Papa Eugênio III.
Deixou fama
de santidade e foi muito estimado pelas gerações seguintes, de modo que, após o
devido processo, o Papa Clemente III o canonizou em 1190
A esse Santo atribui-se a famosa “Profecia dos Papas”,
que terá sido escrita em 1139, quando Malaquias passou um mês em Roma. Consta
de 111 (segundo outros, 113) dísticos latinos, que tentam caracterizar a figura
de cada Pontífice desde Celestino II (1143-1144) até Pedro II, que deverá
presenciar o fim do mundo.
Esse texto, embora seja atribuido a um autor do século
XII, só se tornou de conhecimento público em 1595, quando o beneditino belga
Arnoldo de Wyon o inseriu no seu opúsculo “Lignum Vitae, ornamentum et decus
Eccleslae” (=”Lenho da Vida, ornamento e glória da Igreja); nessa obra,
dividida em cinco tomos, Wyon enumera os monges beneditinos que ilustraram a
sua Ordem, entre os quais é apresentado S. Malaquias, monge de Bangor tido como
profeta.
Os 74 primeiros dísticos da
lista dos Papas, no “Lignum Vitae”, são acompanhados de breve comentário, da
autoría do historiador espanhol Afonso Chacón, dominicano, falecido após 1601.
O comentário aplica os dizeres da Profecia aos 74 Papas que governaram desde
Celestino II (+1144), um dos contemporâneos de S. Malaquias, até Urbano VIII
(+1590); mostra como o conteúdo de cada oráculo se cumpriu adequadamente na
figura do Pontífice ao qual é referido. Eis, por exemplo, os dísticos 3 a 7 da
série:
O comentário
de Chacón, indicando quando (na História) começa a série dos Papas da lista,
permite calcular aproximadamente a época em que se dará o fim do Papado e a
segunda vinda do Senhor; assim contam-se 38 Pontífices desde Urbano VII (+1590)
até o fim do mundo; João Paulo II (De labore Solis, do sofrimento do Sol) teria
ainda três sucessores; o último, Pedro II, veria, com a geração dos seus
contemporâneos, a consumação da História.
A autoridade da Profecia
Como se compreende, há quem defenda a credibilidade da
lista dos Papas, como também há quem a recuse. Examinemos uma e outra sentença.
O “Sim” à Profecia
A “Profecia de Malaquias”, logo depois de divulgada em
1595, obteve sucesso considerável. É inegável que os dísticos interpretados por
Chacón se aplicam bem aos Papas desde Celestino II até Urbano VII. Eis alguns
exemplos mais frisantes:
– “Avis Ostiensis” (Ave de Óstia) convém adequadamente a
Gregório IX (1227-41), que foi Cardeal-bispo de Óstia e tinha uma águia em seu
brasão;
– “De parvo homine” (Do homem pequeno) corresponde a Pio
III (+1503), que se chamava Francisco Piccolomini (=Pequeno homem);
– “Jerusalem Campaniae” (Jerusalém da Campanha) designa
bem Urbano IV (1261-64), nascido em Troyes (Champanha) e Patriarca de
Jerusalém.
De Urbano VII (+1590) em diante, Chacón não interpretou
mais os oráculos. Muitos historiadores, porém, julgam que continuam a quadrar
bem com as figuras dos Pontífices que se têm assentado sobre a cátedra de
Pedro.
Assim, para
tomar exemplos recentes, indicar-se-iam:
– “Crux de cruce” (Cruz oriunda da cruz), dístico que
designa Pio IX (1846-78) com acerto, pois este Pontífice sofreu duros golpes da
parte da Casa de Savóia, em cujo emblema figurava uma cruz;
– “Religio depopulata” (Religião devastada) é dístico bem
adaptado a Bento XV (1914-22), que durante o seu pontificado assistiu a
Primeira Guerra Mundial;
– “Fides intrépida” (Fé intrépida) corresponde a Pio XI
(1922-39), Pontífice das missões e defensor da verdade contra as modernas
teorias sociais e políticas;
– “Pastor et Nauta” (Pastor e Navegante) parece
caracterizar bem o Papa João XXIII, ex-Patriarca de Veneza, cidade das
gôndolas, reconhecido por sua ardente têmpera de Pastor de almas… Mas
inegavelmente este dístico caracteriza ainda melhor os Papas seguintes: Paulo
VI e principalmente João Paulo II, que percorreram todos os continentes da
Terra em suas viagens apostólicas.
Admitida a veracidade da Profecia na base das observações
acima, julgam alguns autores que o fim do mundo não está longe, pois só deverá
haver dois Papas até a segunda vinda de Cristo.
Procurando
interpretar os dísticos acima, há quem queira prever a história dos tempos
finais nos seguintes termos:
– As divisas “Pastor Angelicus” (Pio XII), “Pastor et
Nauta” (João XXIII) e “Flos florum” indicam um período de grande paz e bonança
para a religião (foram mesmo os tempos de Pio XII, João XXIII e Paulo VI?).
Santidade angélica deve florescer no Pastor e nas ovelhas da Igreja; o Pastor,
sendo navegante, gozará de grande prestígio no mundo inteiro e empreenderá viagens
intercontinentais a fim de confirmar a pregação do Evangelho em toda parte.
– As três últimas divisas insinuam os acontecimentos que
deverão preceder imediatamente a manifestação do Anticristo: flagelos, como uma
calamitosa expansão do Islamismo (“Lua crescente”), penas e fadigas sobre os
filhos da luz (“Sol”); além disto, a almejada conversão dos judeus a Cristo (a
oliveira simboliza o povo judaico em Romanos 11,17-29). Depois disto, sob o
Papa Pedro II, Cristo aparecerá como Juiz Universal…
Fonte: https://www.veritatis.com.br/fim-do-mundo-as-profecia-de-sao-malaquias/
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