A história de Rute é muito conhecida entre os
cristãos, sobretudo por conta de sua parceria com Noemi, sua sogra, e seu
casamento com Boaz, o que resultou no incrível fato de uma gentia ter se
tornado uma ancestral do rei Davi e, principalmente, sido mencionada na
genealogia do próprio Messias.
Rute foi uma moabita que viveu
no período dos juízes, e que aparece
como personagem principal do livro do Antigo Testamento que leva seu nome. O significado
do nome “Rute” é discutido entre os estudiosos, porém há uma possibilidade
do hebraico rut ser derivado de re’ut que significa algo como
“companhia feminina”.
Rute se casou com dois
fazendeiros judeus. Primeiro com
Malom (Rt 4:10), depois, já viúva, casou-se com Boaz. Malom era o filho primogênito de Elimeleque e Noemi (Rt 1:2; 4:3), e Boaz era um parente de
Elimeleque (Rt 4:3).
O relato bíblico nos revela
que os dois filhos de Elimeleque se casaram com mulheres moabitas. Elimeleque e
sua família eram israelitas vindos de Judá, e partiram para Moabe durante um
período de fome.
Isso significa que a família
de Elimeleque havia ignorado o mandamento que proibia o relacionamento entre
judeus e moabitas (Dt 23:3,4). Talvez eles não tivessem conhecimento dessa
proibição, embora essa possibilidade pareça pouco provável.
Rute e Noemi
Elimeleque acabou morrendo, e,
em seguida, seus dois filhos também faleceram. Com a morte do marido e dos
filhos, Noemi resolveu partir rumo à sua terra natal, e, com isso, ela liberou
suas noras a retornarem ao seu povo.
Orfa, cunhada de Rute, aproveitou a proposta e deixou Noemi, sua sogra.
Rute, entretanto, demonstrou seu profundo amor por Noemi, e lhe comunicou que
não a deixaria e somente a morte poderia separá-las (Rt 1:17).
Essa decisão de Rute
implicava, necessariamente, em sua troca de nacionalidade, ou seja, ela estava
disposta a se tornar uma judia e abandonar o seu deus (talvez Quemos, cf. Nm
21:29; 1Rs 11:7,33) a favor do Deus de Noemi (Rt 1:16; cf. 2:12,13) e ser
sepultada no mesmo local de sua sogra (Rt 1:14-17).
É neste contexto que aparece o
versículo mais conhecido do livro de Rute, onde Rute diz a Noemi: “Não
me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu
fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu
povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1:16).
Essa declaração de Rute contrasta nitidamente com a declaração de Noemi
ao chegar a Belém, onde ela atribuiu a Deus a amargura que estava sentindo, e
insistiu que as mulheres lhe chamassem de Mara, que em hebraico significa
amargo, ao invés de seu nome.
Rute e Boaz
Quando chegaram a Belém, Rute
se aproveitou da época da colheita da cevada que precede a colheita do trigo,
para conseguir um meio de sustento para ela e para sua sogra. Rute então foi
respigar nos campos de Boaz, um parente rico de seu sogro falecido.
Rute demonstrou muita
dedicação no que fazia, e logo Boaz ficou sabendo de sua situação e da lealdade que ela
possuía para com Noemi (Rt 2:11). Boaz então lhe concedeu alguns privilégios
especiais que a favoreceu durante toda colheita da cevada e do trigo.
Mais tarde, Noemi instruiu Rute a ir à eira durante a noite, a fim de
persuadir Boaz a se tornar um parente remidor, ou seja, aquele que poderia comprar
a propriedade de Elimeleque, Malom e Quiliom, e, apelando para o casamento
levirato, se casar com Rute (cf. Lv 25:25,47-49; Dt 25:5-10).
Boaz consentiu com a proposta
de Rute, e a enviou de
volta para casa com um presente de seis medidas de cevada. Entretanto, havia um
parente mais próximo do que Boaz, e este deveria declinar de seu direito para
que Boaz pudesse casar-se com Rute.
Então, na presença de dez anciãos da cidade, foi oferecida ao parente
mais próximo de Noemi a oportunidade de redimir um terreno que pertencia a
Elimeleque e se casar com Rute. Assim que esse parente desistiu de
seu direito como parente remidor, Boaz, voluntariamente, assumiu o seu lugar e
seguiu o costume do casamento levirato, um estatuto presente no livro de Deuteronômio
(25:5-10) que permitia que o cunhado se casasse com a viúva de seu irmão. Vale
lembrar que Boaz não era irmão de Malom, ex-marido de Rute. Boaz era apenas um
parente próximo.
Boaz casou-se com Rute, e o primeiro filho do casal
foi Obede, que significa “servo”. Com o nascimento de Obede, a amargura de
Noemi foi amenizada, e ela foi a sua ama (Rt 4:16). Obede veio a ser o avô do
rei Davi (Rt 4:18-22; 1Cr 2:12).
Rute é uma das cinco mulheres
citadas explicitamente na genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus (1:5), ao lado de Tamar, Raabe, Bate-Seba e a própria Maria. Era muito incomum que mulheres fossem
citadas em genealogias no Oriente, mas essas mulheres faziam parte do propósito
de Deus de enviar o Cristo.
Na história de Rute podemos
ver claramente a soberania de Deus na escolha do improvável para cumprir os
seus propósitos.
Fonte: https://estiloadoracao.com/historia-de-rute-na-biblia/
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