Abraão (em hebraico: אברהם, Avraham ou ’Abhrāhām) é um personagem bíblico citado no Livro do Gênesis a partir do qual se desenvolveram três das maiores vertentes religiosas da humanidade: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. No entanto, os arqueólogos não encontraram nenhuma prova da existência de Abraão. É o primeiro dos Patriarcas bíblicos e fundador do monoteísmo dos hebreus. Seu pai tinha nome de Terá, seus filhos receberam os nomes de Ismael, Isaque, Zinrã, Jocsã, Meda, Mídia, Isbaque e Suá e viveu 175 anos.
Registros da história de Abraão
Abraão é citado no
livro de Gênesis
como a nona geração de Sem, o
qual foi um dos filhos do patriarca Noé que tinha sobrevivido
às águas do dilúvio.
Segundo a Bíblia, a
mais provável procedência de Abraão seria a cidade de Ur dos caldeus, situada no
sul da Mesopotâmia, onde seus irmãos também teriam nascido. O final
do capítulo 11 do primeiro livro da Torah,
ao descrever a genealogia do patriarca hebreu, assim informa, mencionando o
nome anterior de Abraão:
E estas são
as gerações de Tera:
Terá gerou a Abraão, a Naor e
a Harã; e
Harã gerou a Ló. E
morreu Harã, estando seu pai Terá ainda vivo, na terra de seu nascimento, em Ur
dos caldeus. (Gênesis 11: 27-28).
O Livro dos Jubileus, considerado como uma obra
apócrifa entre os judeus
e cristãos,
diz que Abraão, já aos catorze anos de idade, quando ainda residia em Ur dos
caldeus com sua família, teria começado a compreender que os homens da terra
haviam se corrompido com a idolatria adorando as imagens de escultura. Então Abraão não
aceitou mais adorar ídolos com o seu pai Tera e começou a orar a Deus,
pedindo-lhe que conservasse a sua alma pura do erro dos filhos dos homens e
também a de seus descendentes.
Diz também o livro
de Jubileus, no seu capítulo 12:10, que Abraão casou-se com Sara,
no ano 49 de sua vida. E, quando o patriarca estava com 60 anos, ocorreu a
morte trágica de seu irmão Harã, o pai de Ló.
Prossegue o texto
bíblico informando que Terá, o pai de Abraão, após a morte de Harã, teria
tomado sua família e organizado uma expedição para fixar-se em Canaã.
Contudo, ao chegar numa localidade que veio a receber o mesmo nome do filho
falecido, Terá permaneceu ali onde morreu com a idade de duzentos e cinco anos:
E tomou Terá
a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua
nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à
terra de Canaã; e vieram até Harã e habitaram ali. E foram os dias de Terá
duzentos e cinco anos; e morreu Terá em Harã (Gênesis 11:31-32)
Segundo a Bíblia, no
capítulo 12 do livro de Gênesis, Abrão recebeu uma promessa divina para deixar
a sua terra e a de sua família. Tal chamado de Deus pode ter ocorrido quando
Abraão já se encontrava com sua família em Harã.
Estêvão, em seu discurso registrado no livro bíblico de Atos, informa que Deus apareceu a Abraão ainda
na Mesopotâmia e Terá já havia falecido;
O Deus da
glória apareceu a Abraão, nosso pai, estando na Mesopotâmia, antes de habitar
em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirige-te à
terra que eu te mostrar. Então, saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. E
dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais
agora. (Atos 7:2-4)
Viagem para Harã
Há suposições de que
Abraão anuiu nesta jornada em direção a Salém,
mas teria sido o seu irmão Naor, o qual não tinha conhecimento dos ensinamentos
de Melquisedeque, que os persuadiu a ficar em Haran.
No entanto, sabe-se
que Harã, na Antiguidade, foi um importante ponto de passagem para as caravanas
do Oriente Próximo. E talvez a prosperidade do
local tenha motivado a fixação da família de Abrão neste local em que
acredita-se que o clã deveria abastecer o povoado com seus rebanhos.
É provável que, em
Harã, Abrão tenha recebido talvez um segundo chamado divino para deixar a terra
de sua família e se estabelecer na terra que Deus lhe indicasse. Nesta
passagem, logo no começo do capítulo 12 de Gênesis, Deus anuncia diretamente ao
patriarca bíblico que ele se tornaria uma grande nação e não há nenhuma menção
expressa de que a terra prometida seria Canaã, muito embora esta teria sido o
destino que o seu pai teria buscado e veio a ser confirmado posteriormente.
Ora, o
Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. (Gênesis
12:1-2)
Todavia, é provável
que devido à profecia proferida por Noé, quando castigou a Cam dizendo que Canaã
seria escravo de Sem, existisse a idéia de que Abraão deveria seguir em direção
à Canaã (Gn 9:25-27). Até mesmo porque no verso 31 do capítulo 11 de Gênesis
diz que Terá e sua família deixaram Ur destinados a chegar em Canaã.
A partida para Canaã
A Bíblia diz que
Abrão, obedecendo as ordens de Deus, saiu com Ló de Harã, juntamente com sua
esposa e seus bens, indo em direção a Canaã. O texto informa que Abrão já teria
setenta e cinco anos de idade e dá a entender que já tivesse pessoas a seu
serviço, embora nenhum filho.
Depois dessa longa
jornada de Harã até Canaã, o primeiro local onde Abraão esteve teria sido em Siquém,
no carvalho de Moré, onde habitavam os cananeus. Ali Deus apareceu a
Abraão e lhe confirmou a promessa de dar aquela terra à sua descendência.
Tendo edificado um
altar para Deus em Siquém, Abraão parte para o Sul, fixando-se num lugar entre
as cidades de Betel e
Ai onde
se estabelece com as suas tendas e constrói um novo altar.
Depois, prossegue
Abraão para o sul, não havendo informações na Bíblia onde seria esse terceiro
local de sua passagem, mas apenas diz que havia fome naquela terra.
Alguns, no entanto,
interpretam que Abraão teria chegado a Salém, lugar que corresponderia hoje a Jerusalém.
Porém, a Bíblia não diz claramente onde teria sido.
Informações não
bíblicas relatam que, após a morte de Terá
(Taré), o rei de Salém teria enviado um mensageiro a Abraão com o fim de lhe
convidar a fazer parte do núcleo de estudantes/sacerdotes no seu reino. O
mensageiro que encarregado da mensagem chamava-se Jaram e o convite era extensivo a Naor
também, mas que teria optado por ficar, construindo naquele lugar uma poderosa
fortificação. Abraão, contudo, partiu com o seu sobrinho de nome Ló. Assim, ao chegarem a
Salém, resolveram estabelecer o seu acampamento próximo da cidade e edificar
guarnições nas colinas adjacentes, de forma a protegerem-se contra os furtivos
ataques dos hititas, dos filisteus
e dos assírios
que privilegiavam estas zonas da Palestina
nos seus ataques e saques.
No entanto, deve-se
considerar que se Terá gerou Abrão e seus irmãos aos setenta anos e faleceu aos
duzentos e cinco anos, quando Abraão deixou Harã o seu pai certamente estava
vivo com a idade de cento e quarenta e cinco anos já que o início da viagem do
patriarca para Canaã ele tinha uma idade de setenta e cinco, ainda que naquela
época a contagem de anos pudesse ser diferente.
A seca e a viagem para o Egito
A Bíblia diz que
houve fome na terra prometida que Abraão havia se estabelecido em Canaã e que,
por causa disso, o patriarca e todo o seu acampamento retirou-se para o Egito.
Ao chegar no país,
Abraão temeu que viesse a ser morto por causa da beleza de sua mulher e por
isso combinou com ela que dissesse aos egípcios que seria sua irmã, não esposa.
Assim, o faraó
veio a apaixonar-se por Sara e
a levou para o seu palácio, passando a favorecer Abraão. Porém, Deus castigou o
rei egípcio e este mandou chamar Abraão e lhe devolveu Sara, ordenando também
que deixassem o país com os seus bens.
Tal parentesco de
Abraão com o faraó egípcio não teria fundamentos na Bíblia porque Abraão era semita enquanto os
egípcios teriam descendido de Cam [carece de fontes ], não de Sem, assim como os cananeus, os filisteus,
os hititas e os amoritas.
De acordo com o
livro apócrifo dos Jubileus, Deus quis provar o coração de Abraão,
e permitiu que Sara fosse tirada dele e levada ao palácio do faraó. Porém, a
Bíblia nada diz a esse respeito.
Regresso à Canaã
A Bíblia narra que
Abraão, juntamente com sua esposa e com seu sobrinho Ló, retornou do Egito para
a terra de Canaã, para o mesmo local onde havia se fixado ao Sul de Betel
(provavelmente Salém). Tornou-se muito rico, possuindo rebanhos de gado, prata
e ouro.
Prossegue o texto de
Gênesis dizendo que Abraão retornou para Betel onde procurou o altar que havia
feito para Deus e o invocou. Ali, no entanto, Abraão e Ló resolvem separar-se
devido às contendas que havia entre os seus pastores por causa do numeroso
rebanho que possuíam.
Estudos não bíblicos
explicam que Abraão, provavelmente, tinha interesse em se tornar um grande
líder na Palestina - almejava até ser um poderoso rei naquelas terras [carece de fontes ]. O seu retorno a Salém só poderia ter este
objetivo. Melquisedeque teria recebido muito bem Abraão de volta a Salém.
Assim, Abraão teria tornado-se carismático entre esse povo e um líder
conquistador.
A separação de Abraão e Ló
A Bíblia relata que
Abrão resolveu evitar desavenças com o sobrinho por causa do rebanho e lhe deu
a opção de escolher planície que desejasse. Ló preferiu fixar-se na planície do
rio Jordão,
na região de Sodoma
e Gomorra, que antes de ser destruída era
comparada com o Jardim do Éden e com o Egito. Porém, Abraão
preferiu permanecer em Canaã.
Habitou
Abraão na terra de Canaã, e Ló habitou nas cidades da campina e armou as suas
tendas até Sodoma. (Gênesis 13:12)
Acredita-se que Ló
tinha uma personalidade diferente e se inclinava mais para assuntos materiais
ligados a negócios diversos, sendo esse o motivo pelo qual ambos se separaram,
indo Ló para a rica cidade de Sodoma e se dedicando ao comércio e à criação de
animais.
Após a separação de
Ló, Deus apareceu novamente a Abraão confirmando dar aquela terra à sua
descendência, ordenando-lhe que percorresse a região.
Dali, Abraão levanta novamente as suas
tendas e se fixa junto aos carvalhais de manre, em Hebrom, onde
edificou um novo altar a Deus.
Relação com os povos vizinhos
A Bíblia narra que
houve uma guerra ocorrida envolvendo nove reinos. Os reinos de Sodoma, de
Gomorra, de Admá,
de Zeboim
e de Zoar pagaram tributos a Quedorlaomer,
rei do Elão, durante doze anos e haviam se rebelado. Assim, houve
então uma guerra em que Quedorlaomer e mais três reis aliados atacaram a
Palestina, ferindo a vários povos e confrontando-se finalmente com os reis de
Sodoma e Gomorra que foram vencidos numa batalha em Sidim.
Com a derrota de
Sodoma, Ló foi levado cativo com toda as suas riquezas. Sabendo disso, Abraão,
com apenas trezentos e dezoito homens, lutou contra os inimigos e os perseguiu
até as proximidades de Damasco, libertando Ló, sua família e o povo de Sodoma.
Provavelmente os
povos vizinhos de Salém reverenciavam e respeitavam o Rei sábio Melquisedeque,
mas de certa forma temiam o grande líder militar Abraão. As suas batalhas e
conquistas tornaram-se conhecidas em toda aquela região, fazendo de Abraão um
líder muito respeitado.
O rei de Sodoma, Bera,
como recompensa pela libertação, chegou a oferecer os bens que foram saqueados
por Quedorlaomer, mas Abraão recusou-se.
Melquisedeque partiu
ao encontro de Abraão após a vitória em Sidim, já no seu triunfante regresso. A
Bíblia diz que o rei de Salém trouxe pão e vinho para Abraão e lhe abençoou.
Abraão, por sua vez lhe deu o dízimo de tudo que havia recobrado a
Melquisedeque. Esta é a única parte no livro de Gênesis em que o personagem
Melquisedeque é citado:
E
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus
Altíssimo. E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o
Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os
teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo. Gênesis 14:18-20
Informações não
bíblicas dizem que, após a batalha de Sidim, Abraão manteve-se fiel ao seu
monarca e se tornou o dirigente militar de mais onze tribos vizinhas de onde
todos pagavam tributos – o chamado dízimo. Abraão fracassou algumas tentativas
de estabelecer alianças diplomáticas com o soberano de Sodoma. Porém, ao
conseguir o resultado, houve uma aliança militar estratégica entre o Rei de
Sodoma e outros povos de Hebrom. Abraão tinha mesmo intenção de formar um
estado poderoso em toda a Canaã, o sábio rei de Salém convenceu Abraão a
abandonar a sua tentativa de formar um reino material e se tornar aquilo que
hoje o seu nome é significado – o Pai da Fé. Para persuadi-lo, utilizou
a sua aliança, a promessa do seu reino, e tornou-o como sua própria
descendência.
A Aliança de Abraão com Deus
No capítulo 15 de
Gênesis, Deus aparece a Abraão. Tendo este oferecido um sacrifício a Deus,
foi-lhe revelado sobre o futuro de sua descendência que suportaria a escravidão
por quatrocentos anos e que depois retornaria para a terra prometida.
Então disse
a Abrão: saibas, decerto, que peregrina será a tua semente em terra que não é
sua; e servi-los-á e afligi-la-ão quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a
gente à qual servirão, e depois sairão com grande fazenda. E tu irás a teus
pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para
cá; porque a medida da injustiça dos amoritas não está ainda cheia. (Gênesis
15:13-16)
Informações não
bíblicas falam de uma aliança entre Melquisedeque e Abraão. Tal aliança seria
um reconhecimento de Melquisedeque da soberania de Abraão e a cedência do seu
trono a este líder e à sua descendência, uma vez que este rei não tinha
descendentes para o substituir. Esta referência também é mencionada na Bíblia
no capítulo 7 da epístola aos Hebreus, onde se refere à falta de descendência
deste personagem sábio de Salém.
Todavia, o texto
bíblico em Gênesis é claro em demonstrar que o diálogo de Abraão e a sua
experiência foi diretamente com Deus.
Nascimento de Ismael
Sendo Sara estéril e
pretendendo dar um filho a seu marido, ofereceu sua serva egípcia Hagar
para que gerasse o primeiro filho a Abraão. Hagar então gerou a Ismael, considerado
pelos muçulmanos
como o ancestral dos povos árabes.
O texto bíblico
informa que Abraão teria sido pai pela primeira vez aos oitenta e seis anos. E,
antes mesmo do nascimento de Ismael, surgiram conflitos entre Hagar e Sara,
culminando na sua fuga do acampamento de Abraão.
Tendo Hagar fugido
da presença de Sara, o Anjo do Senhor apareceu-lhe quando se
encontrava junto a uma fonte de água, convencendo-a a retornar, sujeitar-se à
sua senhora e lhe prometendo um futuro grandioso para seu filho.
A mudança no nome de Abraão e a
instituição da circuncisão
Aos noventa e nove
anos, novamente Deus aparece a Abraão, confirmando-lhe a sua promessa. Deus
ordena que Abraão e todos os homens de sua casa fossem circuncidados.
E que toda criança do sexo masculino que nascesse receberia esse sinal ao
oitavo dia.
O filho de
oito dias, pois, será circuncidado; todo macho nas vossas gerações, o nascido
na casa e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua
semente. (Gênesis 17:12)
É nesta ocasião que
Deus muda também os nomes de Abraão ("pai de muitas nações") e de
Sara, os quais até então chamavam-se Abrão e Sarai. A mudança do nome de Sarai
para Sara é explicada na Bíblia com a promessa do nascimento de um filho, pondo
fim à sua esterilidade.
A visita dos três anjos e a
confirmação sobre o nascimento de Isaque
Abraão foi
circuncidado com noventa e nove anos após Deus ter anunciado que Sara daria à
luz um filho - Isaque,
que seria o herdeiro da promessa. Isaque nasceu no ano seguinte a esse anúncio.
O capítulo 18 de
Gênesis diz que mais uma vez Deus apareceu a Abraão quando este se encontrava
nos carvalhais de manre, à porta da tenda, e viu três varões celestiais
(anjos). Estes confirmaram o nascimento de um filho a Sara e estavam se
dirigindo para Sodoma a fim de cumprirem a ordem divina de destruição da
cidade.
A destruição de Sodoma e Gomorra
Temendo pela vida de
seu sobrinho Ló e de sua família, Abraão intercede a Deus para que não
destruisse Sodoma. Deus então promete que se achasse pelo menos dez justos ali,
pouparia a cidade.
Os anjos vão até
Sodoma, entram na casa de Ló e o retiram da cidade junto com sua família antes
que começasse a destruição do lugar, permitindo que o sobrinho de Abraão se
refugiasse nas montanhas.
E aconteceu
que, destruindo Deus as cidades da Campina, Deus se lembrou de Abraão e tirou
Ló do meio da destruição, derrubando aquelas cidades em que Ló habitara. (Gênesis 19:29)
No capítulo 20 de
Gênesis, Abraão parte de Hebrom para Gerar, que estaria situada
entre Cades e
Sur,
região que corresponde à terra dos filisteus.
Temendo a Abimeleque,
rei de Gerar, Abraão novamente comete o mesmo erro praticado quando esteve no
Egito e diz que Sara seria sua irmã. Abimeleque apaixona-se por Sara e a toma
de Abraão.
Deus então aparece
em sonhos a Abimeleque e lhe adverte para que restituísse Sara a seu esposo.
Obedecendo a Deus,
Abimeleque trás Sara de volta a Abraão, entregando-lhe também bens e riquezas.
Abraão então ora por Abimeleque que é perdoado.
Fontes não bíblicas
afirmam que, com o desaparecimento de Melquisedeque, Abraão modificou muito a
sua forma de agir. Mesmo alguns historiadores defendem a ideia que era um outro
Abraão que ocupou o seu lugar. Mas poderá ter sido apenas a tristeza pelo
desaparecimento de Melquisedeque. Não há registro da morte de Melquisedeque e
mesmo o apóstolo
Paulo
faz menção a esse facto na Bíblia na carta aos Hebreus (cap.7). Abraão
tornou-se mais inactivo e temeroso. Tanto que ao chegar a Gerar, Abimeleque
tomou-lhe a sua esposa Sara. Mas este período de aparente covardia foi curto. E
logo Abraão compreendeu a herança proposta pelo seu antecessor no trono e
começou a proclamar uma mensagem de um Deus único entre os povos filisteus e
mesmo entre os súditos de Abimeleque. Segundo uma tradição judaica, Abraão
chegou a crença em um só Deus ao refletir sobre a natureza do universo e ao
rejeitar a idolatria. Assim, quebrou a cabeça de todos os ídolos que seu pai
tinha em sua loja deixando somente um, o maior deles, deixando para este uma
oferenda.
Depois do nascimento de Isaque, Abraão
e Abimeleque fizeram um pacto em Berseba, isto é, realizaram um juramento de confiança.
O nascimento de Isaque
O capítulo 21 de
Gênesis diz que Abraão com a idade de cem anos quando tornou-se pai de Isaque.
Informações não
bíblicas dizem que foi numa cerimónia pública e solene que Abraão teria
apresentado em Salém Isaque como o seu primogênito.
No entanto, a Bíblia
relata que, quando Isaque deixou de mamar, Abraão teria promovido um grande
banquete em comemoração.
Abraão despede-se de Hagar e de
Ismael
Mesmo com o
nascimento de Isaque, os conflitos entre Hagar e Sara continuaram, ameaçando a
paz de sua família. Abraão então resolve despedir sua serva junto com o seu
filho Ismael. A Bíblia diz que Deus amparou Hagar e seu filho durante a
peregrinação no deserto de Parã.
Deus prova a fé de Abraão
Mais uma vez Deus
falou com Abraão e lhe pediu uma verdadeira prova de fé, determinando que
levasse o seu filho para oferecê-lo em holocausto no Monte Moriá
que fica próximo a Salém.
Após ter viajado por
três dias a partir de Berseba, Abraão avistou o local e subiu ao monte apenas
na companhia de Isaque. Porém, quando levantou a mão para sacrificar seu filho,
foi impedido pelo Anjo do Senhor e encontrou no mato um carneiro para ser
oferecido em lugar de seu filho.
O Livro dos Jubileus,(Gênesis) no verso 16 do seu
capítulo 17, explica o sacrifício de Isaque dizendo que o diabo teria pedido a
Deus que provasse Abraão em relação a seu filho, o que se assemelha um pouco à
história de Jó.
Porém, a Bíblia nada diz a esse respeito, mencionando o fato como uma prova de
obediência a Deus.
A morte de Sara
Segundo a Bíblia,
Sara morreu em Hebrom
com cento e vinte e sete anos. Abraão então adquire de Efrom, em Canaã, a Cova de Macpela por quatrocentos siclos de prata, que é
considerada a primeira aquisição de uma propriedade do patriarca que sempre
viveu como um peregrino em busca de melhores pastagens para o seu rebanho. A
sepultura adquirida é posteriormente utilizada pelo patriarca e por seus
descendentes.
Abraão manda buscar uma noiva para Isaque
Narra o capítulo 24
de Gênesis que Abraão enviou o seu servo Eliezer
para que fosse à Mesopotâmia e trouxesse uma esposa para seu filho Isaque entre os seus
parentes.
Ocorreu que Milca e Naor tiveram oito
filhos e netos. Eliezer então, ao chegar na cidade de Naor, encontra a Rebeca, filha de Betuel e irmã de Labão.
Rebeca consente em ir com Eliezer e este a leva para Isaque.
A união de Abraão com Quetura
A Bíblia registra
uma segunda núpcia de Abraão após a morte de Sara. Com a união de Abraão e Quetura,
foram gerados mais seis filhos dando origem a outros povos, inclusive os midianitas.
E Abraão
tomou outra mulher; o seu nome era Quetura. E gerou-lhe Zinrã,
e Jocsã,
e Medã, e
Midiã,
e Isbaque
e Suá. (Gênesis 25:1 e 2)
Indaga-se se Abraão teria mesmo se
casado com Quetura ou se ela foi apenas uma segunda concubina
depois de Hagar. A Bíblia
pouco fala a seu respeito, sendo possível apenas fazer a suposição de que ela
teria vivido com o patriarca as últimas décadas de sua vida.
De acordo com o
livro apócrifo de Jubileus, em 19:11, Abraão teria escolhido a
Quetura entre os servos de sua casa porque Hagar falecera antes de Sara.
A morte de Abraão
A morte de Abraão é
comentada no capítulo 25 de Gênesis, o qual teria vivido cento e setenta e
cinco anos e foi sepultado na Cova de Macpela por Isaque e Ismael.
Tudo o que tinha
deixou de herança para Isaque, guardando apenas presentes para os filhos de
Hagar e de Quetura. Os registros referem que todas as propriedades de Abraão
foram para o seu filho Isaac, o filho de Sara que tinha o status de esposa.
Agar não foi esposa de Abraão, mas sim uma concubina. Quetura foi esposa de
Abraão após a morte de Sara.
Considerando que
Isaque tornou-se o pai de Jacó
e de Esaú
aos sessenta anos, Abraão deve ter convivido com os netos durante quinze anos,
muito embora o livro de Gênesis não mencione sobre esses contatos.
Explicação contextual
Alguns acreditam que
os ensinamentos de Melquisedeque teriam sido de grande importância para aquilo
que a religião tem transmitido hoje sobre Abraão. Porém, Melquisedeque é citado
na Torah
apenas uma vez e depois em Hebreus. O que o Antigo Testamento registra são
diálogos entre Abraão e Deus, mas há quem defenda a tese de que Melquisedeque
teria tido uma presença maior na vida de Abraão como um verdadeiro mensageiro
de Deus na terra.
O apócrifo
Evangelho Armênio da Infância de
Jesus traz uma passagem na qual relata que o Senhor entregou a Set
uma carta que foi retransmitida a Abraão. Este por sua vez a deu a Melquisedeque,
rei de Salém. (Evangelho Armênio da Infância de Jesus, cap. X, 11) .
Posteriormente, os
escribas encararam o termo Melquisedeque como sinónimo de Deus. Os registros de
tantos contatos de Abraão e Sara com o anjo do Senhor podem referir-se
às suas numerosas entrevistas com Melquisedeque.
Supõe-se que muita
informação teria sido perdido pelo menos até a época em que os registros do Antigo Testamento
foram revisados em massa na Babilónia. Todavia, as narrativas dos escritos
religiosos hebraicos sobre Isaque, Jacó e José são fontes mais confiáveis do
que aquelas sobre Abraão, embora elas contenham muitos pontos divergentes do
que é factual, nomeadamente com outras referências históricas.
Informações importantes sobre Abraão
Acredita-se que
Abraão teria vivido mais provavelmente entre os séculos XXI e XVIII antes de
Cristo. Uma vez que não existe atualmente nenhum relato da sua vida
independente das escrituras - especificamente, do Livro do Génesis -, é preciso
ter fé para acreditar que ele tenha sido uma figura histórica ou um personagem
exaltado por Moisés
a fim de explicar a origem dos hebreus e motivar o êxodo de seu povo do Egito
em direção à terra de Canaã para concretizar as promessas de Deus.
Segundo o livro Génesis,
que compõe o Pentateuco do Antigo Testamento,
Deus disse a Abraão para
deixar Ur com
a sua família em direção à "terra que eu te indicar". Nesta terra, os
seus descendentes formariam uma grande nação e herdariam uma terra "onde
corre leite e mel". Sendo o povo escolhido de Deus, os hebreus conquistariam
a terra prometida de Canaã,
uma terra de fartura, em comparação com as que Abraão deixara para trás. Foi
assim que Abraão deixou a sua vida sedentária para viajar para Canaã. Esta
migração é de significado histórico comparável à epopéia de Moisés, mais tarde,
trazendo os hebreus de regresso do Egito,
através do Mar Vermelho.
O Judaísmo
considera a existência e a importância de Abraão. Abraão é considerado o
fundador da nação hebraica. Maimônides,
em seu livro "os 613 mandamentos" ensina com relação ao 3º
mandamento, "Amar a Deus", que se deve fazer com que o Eterno seja
amado pelos homens como foi feito pelo pai Abraão. Segundo uma tradição
judaica, Abraão era o guardião da Torá
inteira, incluindo até mesmo os acréscimos rabínicos, antes mesmo de ser
revelada por Deus.
O Islão também
considera a existência e a relevância de Abraão (com o nome de Ibrahim)
como sendo o ancestral dos Árabes,
através de Ishmael.
A data de 1812 é
por vezes apontada. A tradição judaica também aponta que o patriarca teria vivido entre 1812 a.C e 1637 a.C (175 anos). O Judaísmo,
o Cristianismo
e o Islão são por vezes agrupados sob a designação de "religiões
abraâmicas", numa referência à sua suposta descendência comum de Abraão.
Há registros que apontam para o seu nascimento em 2116 a.C. [carece de fontes ].
Abraão era filho de Terah, 20 gerações depois
de Adão e
10 depois de Noé. E,
considerando que Noé ainda teria vivido 350 anos após o dilúvio, Abraão poderia
ter conhecido o seu ancestral e também a Sem.
O nome original de
Abraão era Abram, uma brincadeira judaica com Ibrim, que significa
"Hebreus", para soar como "Excelso Pai". Abraão era o
primeiro dos patriarcas
bíblicos.
Mais tarde, respondeu pelo nome de Abraham (Ibrahim), (ابرَاهِيم
em árabe, אברהם em hebraico), o que significa "pai de muitos" (ver
Génesis 17:5). O nome Abraham era um nome comum de pessoas entre os amoritas
(na forma Abamram).
A história de Abraão
começa quando o patriarca deixa a terra de sua família na cidade de Ur dos Caldeus
e segue em direção a Canaã. A partir daí, a Bíblia relata diversas aventuras
mais ou menos desconexas envolvendo Abraão, sua esposa Sara, seu sobrinho Ló, sempre realçando a
nobreza do personagem e a sua obediência a Deus.
Os episódios mais
emblemáticos da narrativa são aqueles que contam de como Abraão se sujeitou ao
rei do Egito, que tomou sua mulher como esposa, para salvá-la de qualquer
punição. O segundo episódio marcante da vida de Abraão ocorreu em sua velhice.
Sara, sua esposa, já idosa ainda não havia lhe dado um filho (seu primeiro
filho Ismael, ou Ishmael, era filho de uma concubina - Agar),
quando Deus teria lhe concedido esta graça, e assim nasceu Isaque, ou Isaac, a
quem Abraão mais amou. Porém, quando Isaque era ainda criança, Deus chamou
Abraão e pediu que ele trouxesse seu filho ao alto de um monte chamado de Moriá ou Moriah,
informando a ele, no meio do caminho, que gostaria que o velho patriarca o
sacrificasse, para mostrar seu amor por Ele. Mesmo sendo Isaque o filho amado
que tanto desejara por toda a vida, Abraão não relutou em sacar uma adaga e
posicioná-la sobre o pescoço de seu filho. Deus então mandou um anjo para
segurar o punho de Abraão, dizendo estar satisfeito com a obediência de Abraão.
Em recompensa, Deus poupou seu filho, e prometeu que sua linhagem produziria
uma nação numerosa que governaria toda a terra por onde Abraão havia caminhado
em vida (Canaã, propriamente dita).
Nenhum comentário :
Postar um comentário